O tema do amor tem me rondado... Chegam até mim textos, poemas, comentários, oportunidades de conversas, imagens. No consultório, as pessoas me falam de sua sede de amor em suas expressões mais diversas. Já compartilhei com vocês que estou lendo o livro "Para que o amor aconteça", que também tem me provocado reflexões acerca de nossos padrões internos e suas influências sobre nossas relações. A alguns dias atrás, aqui no blog, eu trouxe as palavras de Clarice Lispector em que ela versava sobre a arte de sermos inteiros, entendendo que o outro pode enriquecer, contribuir, trazer novas perspectivas, transbordar - mas nunca nos completar.
É, me dou conta agora: o tema do amor anda me seguindo por aí!
Hoje me deparei com esse trecho de um livro de Osho (num blog que vale a pena visitar):
Não pense que o amor tem que ser permanente e isso tornará sua vida amorosa mais bonita, pois você saberá que hoje vocês estão juntos e amanhã podem não estar.
O amor vem como uma brisa, fresca, perfumada, que entra na sua casa, deixando-a repleta de frescor e perfume, durando o tempo que a existência lhe conceder e depois indo embora.
Você não deve tentar fechar todas as portas, senão a brisa fresca se tornará um ar viciado. Na vida, tudo está mudando e a mudança é belíssima; ela lhe porporciona mais e mais experiências, mais e mais consciência, mais e mais maturidade.
O amor vem como uma brisa, fresca, perfumada, que entra na sua casa, deixando-a repleta de frescor e perfume, durando o tempo que a existência lhe conceder e depois indo embora.
Você não deve tentar fechar todas as portas, senão a brisa fresca se tornará um ar viciado. Na vida, tudo está mudando e a mudança é belíssima; ela lhe porporciona mais e mais experiências, mais e mais consciência, mais e mais maturidade.
(Osho, em "A Essência do Amor: Como Amar com Consciência e se Relacionar Sem Medo")
Percebo que essa possibilidade de amor como brisa fresca (que só pode entrar onde há portas e janelas abertas) é um convite para arejar todas as nossas relações. Sejam elas afetivas-sexuais-amorosas, sejam as de amizade, sejam as familiares.
Aceitar a impermanência, abrir mão da extrema necessidade de controle. Entender que o amor tem suas fases, que se não deixamos que essas fases se apresentem, fatalmente o perderemos de vez (o livro "Mulheres que correm com os lobos" tem um conto belíssimo que fala sobre os ciclos vida-morte-vida no amor). Deixar as janelas e portas abertas para que possamos ver o mundo e com ele enriquecer nossos laços, que serão assim baseados na liberdade, na saúde, na confiança. Uma confiança que vai além de crer em nosso parceiro. Trata-se de uma confiança de que sou capaz de seguir meu caminho. Ela se configura como uma confiança na vida.
Ao contrário do que se pode pensar à primeira vista, pensar assim nos liberta, nos livra da insegurança. Esta muitas vezes se sustenta na ilusão de controle: "Todas as pessoas conseguem controlar a vida, seus parceiros, o outro, a si mesmas. Como eu não consigo, logo sou menor, incapaz." Mas a verdade é: não podemos controlar, não dessa maneira. Podemos nos centrar, ficar em nosso eixo, tomar a vida nas mãos, no sentido de assumir a nossa liberdade e responsabilidade. Porém, o pleno controle, com mãos de ferro? Uma ilusão.
Se abrimos mão dessa ilusão, podemos viver relações mais leves, sermos pessoas mais leves. Entendemos que o agora é o "presente" especial que temos nas mãos e somente nele é que podemos viver. Podemos ter um futuro como horizonte de possibilidade, claro, mas não o podemos controlar. Deixemos então que a brisa fresca do amor nos surpreenda!
Psicóloga, psicodramatista, escritora, colaboradora da Revista Personare, coordena atividades voltadas para saúde e bem-estar no Espaço Revitalizar em Belo Horizonte-MG.
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